Era
uma vez um homem que, desde menino, acostumara-se a ver a vida pela janela.
Esperava sempre as condições ideais para fazer aquilo que sonhava fazer – a
maneira mais objetiva de nunca fazer nada.
Como
o tempo não para, o menino também ficou velho, como ficam velhos todos, ou
quase todos, os meninos. Uns, coitados, morrem cedo. Alguns, de rajada perdida. Outros, maioria talvez, pagam o preço da pior idade.
Ainda
lhe restam forças para fechar a janela, tomar o elevador e, finalmente,
caminhar. Mas de que lhe vale este fiapo de vigor, se ele não aprendeu a
atravessar a rua?
Melhor
cerrar a cortina. E contar carneiros. Como sempre fez.
(OS –
2013/ Atualizado em fevereiro de 2019)
Nenhum comentário:
Postar um comentário