O Velho Marinheiro, nosso Lobo do Mar, acompanhava com impaciência
evidente a falação besta de Zeca Comedor, como gostava de ser chamado José
Torres – um sujeito de alguma aparência e posse, que gostava de contar em alto e péssimo som (ainda que ninguém lhe perguntasse) suas peripécias sexuais.
Para garantir assistência, Zé Comedor pagava cachaça e cerveja a todos os que se dispunham a ouvi-lo no bar do Carneiro. Tarefa fácil. O que mais se encontra ali é gente pronta, capaz de rir, aplaudir e pedir bis por um trago gratuito.
Para garantir assistência, Zé Comedor pagava cachaça e cerveja a todos os que se dispunham a ouvi-lo no bar do Carneiro. Tarefa fácil. O que mais se encontra ali é gente pronta, capaz de rir, aplaudir e pedir bis por um trago gratuito.
Naquele dia, José Torres estava particularmente insuportável.
-- Com a mulher da gente, a coisa é diferente. Sexo só de vez em quando. E nada além do convencional. Ela tem que se comportar como esposa e mãe. Foi para isso que se casou. Ou não foi?
-- Com a mulher da gente, a coisa é diferente. Sexo só de vez em quando. E nada além do convencional. Ela tem que se comportar como esposa e mãe. Foi para isso que se casou. Ou não foi?
O Velho Marinheiro interrompeu a conversa:
-- José Torres: não sou homem de dar conselhos a ninguém, muito menos a
um tipo como você: safado. Mas saiba que, a exemplo do dinheiro, vagina não aceita
desaforo. Quem se gaba de pôr galhos na cabeça dos outros e despreza a
companheira, cedo ou tarde, vira alce. Seu destino é ser corno.
(Atualizado em dezembro de 2019)