Foto: Arquivo Google |
A santa criatura ia todos os dias ao parque público próximo de sua casa. E por ali ficava um tempão danado, sem vontade de voltar.
Caminhava descalça, sem pressa alguma. Mandava
beijos ao sol, sorria para o vento, conversava com as plantas, trocava
confidências com os pássaros e recitava poemas para o gato pardo e sem dono, também filho do Pai.
Saía do parque em paz com o mundo, leve como uma borboleta.
Mas nada, nada mesmo, lhe dava maior satisfação que
conversar com a velha e frondosa árvore que ficava a poucos metros do portão de
saída. Era sempre sua última – e mais longa – parada. Tinha certeza de que a
árvore a ouvia com a máxima atenção, compreendia seus sentimentos e que só não
lhe respondia por uma única razão: árvores não falam.
Mas, eis que um dia a árvore falou:
-- Querida criatura, três coisinhas: não fume antes
de me abraçar, seu bafo é insuportável; não pise nas minhas raízes; por fim, um
pedido: vá vender sua loucura em outra freguesia. (OS - atualizado em dezembro de 2019)
muito bom !
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