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TIM-TIM (FOTO: ARQUIVO GOOGLE) |
O
mineiro Otto Lara Resende (1922 – 1992) viveu mais tempo no Rio de Janeiro que
em seu estado natal. Se nunca abandonou a “mineirice” trazida de São João Del Rei,
incorporou, definitivamente, o senso de humor dos cariocas. Advogado,
jornalista, escritor e frasista de primeira, Otto formou com Fernando Sabino,
Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino, seus amigos de juventude, todos
igualmente mineiros e talentosos, o que eles próprios definiram como os quatro
“Cavaleiros do Apocalipse”. Ou: “adolescentes definitivos”.
Antes
de tudo, Otto foi um exímio contador de casos. Há quem o considere o “ultimo
causeur” brasileiro. Ficcionista, ele próprio transformou-se num personagem. Diz-se que
certa noite, em plena ditadura militar, ele entornou uns uísques a mais no
famoso Antonio’s, reduto da boemia intelectual do Leblon. Lá pelas tantas,
subiu numa cadeira e fez um duro discurso contra o regime vigente. Mais um
gole, Otto voltou ao palanque improvisado, agora para comunicar à assistência,
em alto e bom som, quem era: “Anotem o meu nome: José Aparecido de Oliveira”.
Em
tempo: José Aparecido de Oliveira, ex-secretário do ex-presidente Jânio
Quadros, mineiro como ele, era amigo de Otto desde os tempos de juventude, nas
Gerais. Se a história é verdadeira ou falsa, ninguém sabe. Nem o jornalista
Benício Medeiros, autor de um excelente perfil sobre o “mais carioca dos
mineiros”.
DA
ESQUERDA PARA A DIREITA: PAULINHO,
SABINO, OTTO E HÉLIO (AGACHADO)
Nos
tempos de juventude, numa brincadeira, Fernando
Sabino
fez a seguinte quadrinha, para
adornar a lápide de Otto:
"Aqui
jaz Otto Lara Resende
mineiro
ilustre, mancebo guapo.
Deixou
saudades, isso se entende:
Passou
cem anos batendo papo."
(Atualizado em fevereiro de 2019)