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O Velho Marinheiro, nosso Lobo do Mar, entrou sala adentro pisando duro, soltando fogo pelas fuças, imprecando contra Deus, o diabo e a terra do sol. Não falou com ninguém. Nem com Mafalda, sua mulher. Foi direto para o quartinho no fundo do quintal, onde guardava suas tralhas. E por lá ficou bom tempo, revirando caixas e recortes de jornais, esbravejando.
-- O que será que vovô tem? – quis
saber Irene, sua neta predileta. Vou lá ver.
-- Não vá. Quando ele fica assim,
melhor não chegar perto – aconselhou Mafalda. A raiva dele logo passa. Estou
acostumada.
Meia hora depois, já mais calmo,
nosso enfrentador de ondas e caçador de bicho de pé inexistente, retornou à sala. E sem que, por prudência, ninguém
lhe perguntasse nada, foi direto ao assunto:
-- Não me comprem mais nada na
padaria da esquina – ordenou. Aquilo é uma imundície só.
-- Que barbaridade, meu velho. A
padaria é tão bonita, chique mesmo; os funcionários estão sempre de uniforme
limpo, redinha na cabeça e luvas nas mãos...
-- E de que vale tudo isso?
Agorinha mesmo, flagrei o rapaz que faz lanches coçando com vigor as partes
baixas. Com a mão e a luva por dentro das calças! Rejeitei o lanche, lhe disse
poucas e boas, tive vontade de lhe cortar o "instrumento".
Se eles fazem isso na frente do cliente, imagine o que não fazem os padeiros
pelas costas dos fregueses. Haja furico. Ali, não piso mais. (OS - agosto/2013, atualizado em outubro de 2019)
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