CHÃO DE ESTRELAS
De Sílvio Caldas/ Orestes Barbosa
Na interpretação de Maria Bethânia
Minha vida
Era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris
Dos corações
Meu barracão no morro do salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
E hoje,
Quando do sol,
A claridade
Cobre o meu barracão,
Sinto saudade
Da mulher pomba-rola que voou
Nossas roupas comuns
Dependuradas
Na corda,
Qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival!
Festa dos nossos trapos
Coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional
A porta do barraco
Era sem trinco
E a lua, furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas
O nosso chão...
E tu
Tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a ventura desta vida,
É a cabrocha,
O luar
E o violão...
A porta do barraco
Era sem trinco
E a lua, furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas
O nosso chão...
E tu
Tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a ventura desta vida,
É a cabrocha,
O luar
E o violão...
Fernando Passo, de Almada Negreiros |
Forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim.Outrora eu era daqui, e hoje regresso estrangeiro,
Já vi tudo, ainda o que nunca vi, nem o que nunca verei.
Eu reinei no que nunca fui.
Fernando Pessoa
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