quinta-feira, 18 de outubro de 2018

HORA DA VITROLA: NOEL ROSA NA INTERPRETAÇÃO DE CAETANO VELOSO, MARTINHO DA VILA, ZECA PAGODINHO E ALINE CALIXTO

FITA AMARELA

De Noel Rosa
Na interpretação de Martinho da Vila e Aline Calixto



Quero que o sol
Não invada o meu caixão
Para a minha pobre alma
Não morrer de insolação

Quando eu morrer,
Não quero choro nem vela,
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela.

Se existe alma
Se há outra encarnação
Eu queria que a mulata
Sapateasse no meu caixão
Não quero flores
Nem coroa com espinho
Só quero choro de flauta
Violão e cavaquinho

Estou contente,
Consolado por saber
Que as morenas tão formosas
A terra um dia vai comer.
Não tenho herdeiros
Não possuo um só vintém
Eu vivi devendo a todos
Mas não paguei a ninguém

Meus inimigos
Que hoje falam mal de mim,
Vão dizer que nunca viram
Uma pessoa tão boa assim.


COM QUE ROUPA

De Noel Rosa
Na interpretação de Caetano Veloso e Zeca Pagodinho




Agora vou mudar minha conduta,
Eu vou pra luta pois eu quero me aprumar
Vou tratar você com a força bruta,
Pra poder me reabilitar
Pois esta vida não está sopa e eu pergunto: com que roupa?

Com que roupa eu vou pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?
Agora, eu não ando mais fagueiro,
Pois o dinheiro não é fácil de ganhar

Mesmo eu sendo um cabra trapaceiro,
Não consigo ter nem pra gastar
Eu já corri de vento em popa, mas agora com que roupa?

Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?
Eu hoje estou pulando como sapo,
Pra ver se escapo desta praga de urubu
Já estou coberto de farrapo, eu vou acabar ficando nu

Meu terno já virou estopa e
Eu nem sei mais com que roupa
Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?


NOEL POR AMARILDO

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

HORA DA VITROLA: EDNARDO

GOOGLE

PAVÃO MYSTERIOZO
De Ednardo
Com Ednardo, Amelinha e Belchior



Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse teu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha prá contar...

Pavão misterioso
Nessa cauda
Aberta em leque
Me guarda moleque
De eterno brincar
Me poupa do vexame
De morrer tão moço
Muita coisa ainda
Quero olhar...

Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse seu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha prá contar...

Pavão misterioso
Pássaro formoso
No escuro dessa noite
Me ajuda, cantar
Derrama essas faíscas
Despeja esse trovão
Desmancha isso tudo, oh!
Que não é certo não...

Pavão misterioso
Pássaro formoso
Um conde raivoso
Não tarda a chegar
Não temas minha donzela
Nossa sorte nessa guerra
Eles são muitos
Mas não podem voar...



terça-feira, 9 de outubro de 2018

HORA DA VITROLA: CARTOLA


CARTOLA


O MUNDO É UM MOINHO
De Cartola
Na interpretação de Ney Matogrosso

Ainda é cedo, amor
Mal começastes a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés




 

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

HORA DA VITROLA: BETHÂNIA (CHÃO DE ESTRELAS)








CHÃO DE ESTRELAS

De Sílvio Caldas/ Orestes Barbosa
Na interpretação de Maria Bethânia


Minha vida
Era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris
Dos corações

Meu barracão no morro do salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
E hoje,
Quando do sol,
A claridade
Cobre o meu barracão,
Sinto saudade
Da mulher pomba-rola que voou

Nossas roupas comuns
Dependuradas
Na corda,
Qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival!
Festa dos nossos trapos
Coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional

A porta do barraco
Era sem trinco
E a lua, furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas
O nosso chão...
E tu
Tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a ventura desta vida,
É a cabrocha,
O luar
E o violão...

A porta do barraco
Era sem trinco
E a lua, furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas
O nosso chão...
E tu
Tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a ventura desta vida,
É a cabrocha,
O luar
E o violão...

***
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Fernando Passo,
de Almada Negreiros



Forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim.
Outrora eu era daqui, e hoje regresso estrangeiro,
Já vi tudo, ainda o que nunca vi, nem o que nunca verei.
Eu reinei no que nunca fui.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

HORA DA VITROLA: ALMIR SATER (CHALANA)




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CHALANA

De Mario Zan e Arlindo Pinto

Com Almir Sater e Sérgio Reis



Lá vai uma chalana

Bem longe se vai

Navegando no remanso

Do rio Paraguai



Oh! Chalana sem querer

Tu aumentas minha dor

Nessas águas tão serenas

Vai levando meu amor



Oh! Chalana sem querer

Tu aumentas minha dor

Nessas águas tão serenas

Vai levando meu amor



E assim ela se foi

Nem de mim se despediu

A chalana vai sumindo

Na curva lá do rio



E se ela vai magoada

Eu bem sei que tem razão

Fui ingrato, eu feri

O seu pobre coração



Oh! Chalana sem querer

Tu aumentas minha dor

Nessas águas tão serenas

Vai levando meu amor



Oh! Chalana sem querer

Tu aumentas minha dor

Nessas águas tão serenas

Vai levando meu amor







PAPO FIRME: LEANDRO KARNAL

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LEANDRO KARNAL (ARQUIVO GOOGLE)



NÃO HÁ DIÁLOGO COM PESSOAS DOGMÁTICAS




Leandro Karnal é professor doutor na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), desde 1996. Graduado em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (RS) e doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Possui pós-doutorados pela UNAM, México, e pelo CNRS de Paris. Sua formação cruza História Cultural, Antropologia e Filosofia. É autor de vários livros.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

HORA DA VITROLA: NELSON CAVAQUINHO (A FLOR E O ESPINHO)

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A FLOR E O ESPINHO
De Nelson Cavaquinho, 
Guilherme de Brito
e Alcides Caminha
Por Beth Carvalho




Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu só errei quando juntei minh'alma à sua
O sol não pode viver perto da lua

É no espelho que eu vejo a minha mágoa
A minha dor e os meus olhos rasos d'água
Eu na sua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor


QUASE HISTÓRIAS: GATOS? NÃO, NÃO E NÃO!

www.mundodosanimais.pt
Meus medos são muitos. Nenhum deles, porém, supera o que tenho de gatos. Não posso ver um deles. Surto. A recíproca é verdadeira. Quando me avista, o bichano se eriça e se põe em posição de ataque. Fiz novenas e mais novenas para São Judas Tadeu – o santo das causas impossíveis. Em vão. A paúra só fez crescer, piora muito a cada estação. Quando me deparo com um felino doméstico, apelo logo para Santo Expedito: “Querido, me tire daqui, agora!” Nem sempre – quase nunca seria a expressão mais precisa – consigo dar o passo. Peço ao Todo Poderoso, então, um infarto fulminante. Não fui atendido, ao menos até agora.

Esse pavor por gatos me fez perder oportunidades, além de dar vexames sexuais. No auge da virilidade – vinte e poucos anos –, fui ao apartamento de uma colega de faculdade, verdadeira loba, sonho de consumo de qualquer garanhão imberbe. Não consegui ir além de um selinho muito vagabundo. Ela tinha um gato na sala. Foi minha primeira broxada. Tempos depois, quase encerrei o noivado com Sabiá por conta de um gato. Meu cunhado, então um demônio em forma de guri, aproveitou um vacilo meu e jogou no meu colo um filhote. Melhor andar desarmado.

Não sei por que gatos não gostam de mim. Nunca atirei o pau (nem pedra) em gato. Nunca chutei gato. Nunca dei tiro de chumbinho em gato. Nem xingar gato xinguei.

Dona Neide, minha mãe, me falava (saudades dela) que, por três vezes, me levou para tomar injeções na barriga contra raiva, por conta de arranhadas que sofri de gato de rua. Eram quinze injeções, a cada rodada preventiva. Verdadeira tortura. No bonde, ela me dizia: “Se você se comportar, não falar palavrões, mamãe lhe compra um doce”. Barganha inútil. Voltava sem doce. Em casa, levava tapas na bunda: “Bem feito, bem feito. Quem mandou você, moleque boca suja, dizer tantos palavrões? Da próxima vez que você mexer com gato de rua, vai ver o que é bom pra tosse.”

Infância triste, a minha. (OS - abril/2016, atualizado em setembro de 2018)


terça-feira, 2 de outubro de 2018

HORA DA VITROLA: LUCY ALVES (MORENA TROPICANA)


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Lucy Alves/Divulgação

MORENA TROPICANA
De Alceu Valença e Vicente Barreto



Da manga rosa
Quero gosto e o sumo
Melão maduro, sapoti, juá
Jaboticaba, teu olhar noturno
Beijo travoso de umbu cajá

Pele macia
Ai! carne de caju!
Saliva doce, doce mel
Mel de uruçu

Linda morena
Fruta de vez temporana
Caldo de cana caiana
Vem me desfrutar!
Linda morena
Fruta de vez temporana
Caldo de cana caiana
Vou te desfrutar!

Morena Tropicana
Eu quero teu sabor
Ai! Ai! Ioiô! Ioiô!

Morena Tropicana
Eu quero teu sabor
Ai! Ai! Ioiô! Ioiô!

Da manga rosa
Quero gosto e o sumo
Melão maduro, sapoti, juá
Jaboticaba, teu olhar noturno
Beijo travoso de umbu cajá

Pele macia
Ai! carne de caju!
Saliva doce, doce mel
Mel de uruçu

Linda morena
Fruta de vez temporana
Caldo de cana caiana
Vem me desfrutar!
Linda morena
Fruta de vez temporana
Caldo de cana caiana
Vou te desfrutar!

Morena Tropicana
Eu quero teu sabor
Ai! Ai! Ioiô! Ioiô!

Morena Tropicana
Eu quero teu sabor
Ai! Ai! Ioiô! Ioiô!