Ilustração: Arquivo Google |
Dito e Dita num ponto sempre concordaram. Aqui
se faz. E aqui se paga. Caro.
Aderbal pagou.
Não por falta de aviso, porque Benedita,
a Dita, filha do velho Dito, nunca foi mulher de mandar recados. Nem de
ameaçar. Censurava Aderbal com o olhar certeiro, certo? Quem tivesse tino que
entendesse. Do contrário, amargaria a solidão.
Aderbal não entendeu picas.
Morreu só.
Pobre Aderbal.
Aderbal não acreditou nos avisos que não vieram
por escrito. Só por olhares.
Aderbal, homem antigo, só acreditava no escrito. Prova disso é que jogava no bicho.
Aderbal se
embriagou, achou que o fígado e a paciência de Dita seriam para sempre.
Aderbal – um homem de tino miúdo. Não mau, necessariamente. Criou filhos. Deu-lhes o conforto possível. Trabalhou pra caralho. Aderbal, tolo.
Aderbal – um homem de tino miúdo. Não mau, necessariamente. Criou filhos. Deu-lhes o conforto possível. Trabalhou pra caralho. Aderbal, tolo.
Depois que tomou o pé na bunda, Aderbal
percebeu que não eram para sempre: a paciência de Dita e o fígado. A solidão é
foda. Aderbal foi ao limite. Que graça viver, se o amor acabou?
Aderbal morreu atropelado. De tanto beber.
Dita encomendou
uma missa pela paz que Aderbal nunca teve em vida.
Deus é pai, Aderbal.
(Maio de
2018)
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