sábado, 6 de julho de 2019

SEJA BREVE, DOUTOR

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O Velho Marinheiro, nosso lobo do mar, não é homem de se omitir. Nunca foi. Ainda mais se o assunto for grave, como o toque retal – aquele exame que assusta homens, mas salva vidas. Aproveitou a ausência das mulheres na sala e investiu contra a visita, um aparentado distante do genro:

-- O amigo me perdoe: vou ser sincero. Já tenho idade. Há vinte e tantos anos, todo ano, passo no urologista. Coisa boa não é. Não minto. Faço por necessidade. Não faço por safadeza. Tomo uma lapada antes, pra perder a vergonha. E duas depois, pra esquecer o constrangimento. Mas faço o maldito do exame. Religiosamente. Minha próstata está tinindo. É o que dizem.

-- É que... – ameaçou argumentar o temeroso.

-- Você senhoria está com medo de quê, de descobrir uma vocação tardia? Seja homem. O que não pode de jeito algum é fazer o exame toda semana. Nem pedir um segundo parecer médico. Aí, já não é precisão. É lambança.

-- Vamos mudar de assunto? – sugeriu o genro.

-- Mudar? Temos que dizer a verdade toda, homem. Teve um deputado que queria aprovar lei incentivando o autotoque. Nunca mais se reelegeu. Acabou se amasiando com Dito Preto – o que jogava no Ameriquinha. Se ele é feliz, não sei. Nem quero saber. (OS - atualizado em julho de 2019)

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O militante profissional é uma mala, mas não é tolo. Sem uma verbinha, não vai à luta. 
Por Orlando Silveira
http://orlandosilveira1956.blogspot.com/2019/07/quase-historias.html#comment-form

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