O Velho Marinheiro, nosso lobo do mar, não é
homem de se omitir. Nunca foi. Ainda mais se o assunto for grave, como o toque
retal – aquele exame que assusta homens, mas salva vidas. Aproveitou a ausência
das mulheres na sala e investiu contra a visita, um aparentado distante do
genro:
-- O amigo me perdoe: vou ser sincero. Já
tenho idade. Há vinte e tantos anos, todo ano, passo no urologista. Coisa boa
não é. Não minto. Faço por necessidade. Não faço por safadeza. Tomo uma lapada
antes, pra perder a vergonha. E duas depois, pra esquecer o constrangimento.
Mas faço o maldito do exame. Religiosamente. Minha próstata está tinindo. É o
que dizem.
-- É que... – ameaçou argumentar o temeroso.
-- Você senhoria está com medo de quê, de
descobrir uma vocação tardia? Seja homem. O que não pode de jeito algum é fazer
o exame toda semana. Nem pedir um segundo parecer médico. Aí, já não é
precisão. É lambança.
-- Vamos mudar de assunto? – sugeriu o
genro.
-- Mudar? Temos que dizer a verdade toda,
homem. Teve um deputado que queria aprovar lei incentivando o autotoque. Nunca
mais se reelegeu. Acabou se amasiando com Dito Preto – o que jogava no
Ameriquinha. Se ele é feliz, não sei. Nem quero saber. (OS - atualizado em
julho de 2019)
***
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O militante profissional é uma mala, mas não é tolo. Sem uma verbinha, não vai à luta.
Por Orlando Silveira
http://orlandosilveira1956.blogspot.com/2019/07/quase-historias.html#comment-form
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