segunda-feira, 8 de julho de 2019

HORA DA VITROLA: MARISA MONTE E PAULINHO DA VIOLA (CARINHOSO)


Pixinguinha/Braguinha: dois craques


CARINHOSO
De Pixinguinha e João de Barro (Braguinha)
Na interpretação de Marisa Monte e Paulinho da Viola

Meu coração não sei por que
Bate feliz Quando te vê...
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo...
Mas mesmo assim, foges de mim...

Meu coração não sei por que
Bate feliz Quando te vê...
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo...
Mas mesmo assim, foges de mim...

Ah se tu soubesses como eu sou
Tão carinhoso e muito, muito
Que te quero... E como é sincero
Meu amor... Eu sei que tu não
Fugirias... Mais de mim...
Vem... Vem... Vem... Veeeem...
Vem sentir o calor dos lábios
Meus a procura dos teus...
Vem matar essa paixão...
Que me devora o coração...
Só assim então serei feliz...
Bem... Feliz...

Ah se tu soubesses como eu sou
Tão carinhoso e muito, muito
Que te quero... E como é sincero
Meu amor... Eu sei que tu não
Fugirias... Mais de mim...
Vem... Vem... Vem... Veeeem...
Vem sentir o calor dos lábios
Meus a procura dos teus...
Vem matar essa paixão...
Que me devora o coração...
Só assim então serei feliz...
Bem... Feliz...




 A mais famosa melodia da música popular brasileira continua eterna, apesar dos pesares: mesmo tendo sido escrita há mais de 90 anos, mesmo distorcida por centenas de releituras e regravações (algumas honradas, outras nem tanto), mesmo desmitificada ao embalar as mais diversas campanhas publicitárias, de cafezinho a sobremesa para crianças. Alfredo da Rocha Vianna Jr. ainda não era o Pixinguinha quando começou a ser chamado de prodígio, encantando com sua musicalidade incomum e facilidade para instrumentos e improvisos. Se até hoje ele é considerado o grande gênio musical brasileiro, foi porque garantiu seu espaço desde cedo. Aos 13, já flautista (começou com o cavaquinho), gravou sua primeira participação em um disco. Criativo, escreveu a melodia de “Carinhoso” quando tinha menos de 18 anos, entre 1916 e 1917 (a data não é precisa nem entre historiadores). Deixou a canção escondida por alguns anos, melindrado com as alegações de que seria muito americanizada (ou “jazzificada”) e estruturada de maneira diferente da do choro tradicional. A primeira gravação, instrumental, foi acontecer apenas em 1928. Quase dez anos depois, João de Barro, pseudônimo do onipresente compositor Braguinha, escreveu a letra que a eternizaria de uma vez por todas. A interpretação clássica de Orlando Silva, de 1937, é de arrepiar até os desavisados. Mas os méritos da canção sempre vão para Pixinguinha, instrumentista virtuoso, maestro, arranjador e verdadeiro fomentador do que era então considerada a verdadeira música popular brasileira. De Marisa Monte a Elizeth Cardoso, de Paulinho da Viola a Francisco Alves, de Elis Regina a Marcelo Camelo, dezenas fizeram suas interpretações apaixonadas de “Carinhoso”. Há uma frase atribuída a Vinicius de Moraes que diz que se “não fosse Vinicius, queria ser Pixinguinha”. Aparentemente, não era só ele que pensava assim. 
Pablo Miyazawa/Revista Rolling Stone


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