O
MEDO DE NÓS PRÓPRIOS
Acredito que se um homem
vivesse a sua vida plenamente, desse forma a cada sentimento, expressão a cada
pensamento, realidade a cada sonho, acredito que o mundo beneficiaria de um
novo impulso de energia tão intenso que esqueceríamos todas as doenças da época
medieval e regressaríamos ao ideal helênico, possivelmente até a algo mais
depurado e mais rico do que o ideal helênico.
Mas o mais corajoso homem
entre nós tem medo de si próprio. A mutilação do selvagem sobrevive
tragicamente na autonegação que nos corrompe a vida. Somos castigados pelas
nossas renúncias. Cada impulso que tentamos estrangular germina no cérebro e
envenena-nos. O corpo peca uma vez, e acaba com o pecado, porque a ação é um
modo de expurgação. Nada mais permanece do que a lembrança de um prazer, ou o
luxo de um remorso.
A única maneira de nos
livrarmos de uma tentação é cedermos-lhe. Se lhe resistirmos, a nossa alma
adoece com o anseio das coisas que se proibiu, com o desejo daquilo que as suas
monstruosas leis tornaram monstruoso e ilegal. Já se disse que os grandes
acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro. É também no cérebro, e apenas
neste, que ocorrem os grandes pecados do mundo.
(Oscar
Wilde, em “O Retrato de Dorian Gray”)
FRASES
.
Devem-se escolher os amigos pela beleza, os conhecidos
pelo caráter e os inimigos pela inteligência.
A arte, felizmente, ainda não soube encobrir a verdade.
O homem é um animal racional que perde sempre a cabeça
quando é chamado a agir pelos ditames da razão.
A única coisa a fazer com os bons conselhos é passá-los a
outros; pois nunca têm utilidade para nós próprios.
Os velhos acreditam em tudo, as pessoas de meia idade
suspeitam de tudo, os jovens sabem tudo.
É melhor ter um rendimento permanente do que ser
fascinante.
Todo mundo é capaz de sentir os sofrimentos de um amigo. Ver com agrado os seus êxitos exige uma natureza muito delicada.
***
Em 1883, Oscar Wilde vai morar em Paris, onde
entra para o mundo literário local, o que o levou a abandonar o movimento
estético. De volta à Inglaterra casa-se com Constance Lloyd, filha de um
advogado bem sucedido de Dublin. Vão morar em Chelsea, bairro dos artistas
londrinos. O casal teve dois filhos. Os anos de 1887 e 1888 foram os mais
produtivos do escritor, publicou poemas, contos e novelas. Em 1891 publicou sua
obra prima "O Retrato de Dorian
Gray", romance que retrata a decadência moral humana.
Em 1895, Oscar Wilde é acusado de ter um caso
amoroso com Lord Alfred Douglas (Bosie), filho do Marquês de Queensberru.
Processado pelo marquês é severamente condenado pela lei inglesa. É levado a
julgamento, pela terceira vez, e condenado a dois anos de prisão. Wilde viu sua
fama desmoronar, seus livros foram recolhidos e suas comédias retiradas de
cartaz. Na prisão escreveu "A
Balada do Cárcere de Reading" e "De
Profundis", uma longa carta ao Lord Douglas. Libertado no dia 19 de
maio de 1897, foi morar em Paris, passando a usar o pseudônimo de Sebastian
Melmoth. Passou o resto de seus dias morando em hotéis baratos e se
embriagando.
Oscar Wilde morreu
em Paris, vítima de meningite, no dia 30 de novembro de 1900.
(Fonte: e-biografias.net)
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