sexta-feira, 3 de março de 2017

POLÍTICA/OPINIÃO: RICARDO NOBLAT


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 DO FILME APRENDIZ DE FEITICEIRO (GOOGLE)


AÉCIO NA BERLINDA
(OU QUANDO O FEITIÇO
SE VOLTA CONTRA O FEITICEIRO)

Por Ricardo Noblat
oglobo.globo.com
03/03/2017 | 03h56

Em depoimento, ontem, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedito Júnior disse que a empreiteira, a maior do país, doou R$ 9 milhões em caixa dois para campanhas eleitorais do PSDB. Segundo ele, o pedido de ajuda foi feito por Aécio Neves, atual presidente do partido, e que em 2014 disputou com Dilma Rousseff a presidência da República.

O TSE investiga irregularidades havidas na campanha daquele ano da chapa Dilma-Michel Temer. Foi o PSDB, Aécio à frente, quem pediu ao TSE abertura de processo a respeito. O processo foi aberto depois que começaram a surgir indícios e provas de que houve, de fato, irregularidades. Se isso restar comprovado, o TSE poderá declarar Dilma inelegível e cassar o mandato que Temer herdou dela.

Conforme contou Benedito Júnior, a Odebrecht repassou R$ 6 milhões para serem aplicados nas campanhas de Pimenta da Veiga, Antonio Anastasia e Dimas Fabiano Toledo Júnior. Pimenta da Veiga foi candidato ao governo de Minas – perdeu. Anastasia se elegeu senador. E Toledo Júnior, deputado federal. Os outros R$ 3 milhões foram para o publicitário Paulo Vasconcelos, responsável pela campanha de Aécio.

Ficou para outra ocasião o detalhamento por Benedito Júnior da acusação de caixa dois contra Aécio. Ele não é investigado no processo que apura possíveis crimes ocorridos na campanha presidencial de Dilma e de Temer. Deverá ser em outro processo cuja abertura será pedida nas próximas semanas pela Procuradoria-Geral da República. Naturalmente, Aécio nega que tenha pedido ou recebido dinheiro de caixa dois.

A Lava Jato deu seus primeiros passos antes da eleição presidencial de 2014. No início do ano seguinte, quando Aécio bateu às portas do TSE com o pedido de cassação dos mandatos de Dilma e de Temer, ele não fazia a mínima ideia do quanto longe poderia ir a Lava Jato. Muito menos de que ela poderia alcançá-lo. Tampouco que ele e Temer, um dia, se aliariam para tirar Dilma do poder. Pois foi o que aconteceu.

Aliados foram para aprovar o impeachment, aliados continuam para governar. Juntos na vitória. Juntos receosos com o que possa vir.

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