quinta-feira, 31 de março de 2016

CHARGES: SPONHOLZ

BOLA CANTADA

(de 31/12/2013 - e de lá pra cá as coisas pioraram muito)




(também de dezembro de 2013)


(dezembro de 2013)



(dezembro de 2013)




(dezembro de 2013)



(dezembro de 2015)


(2016)


(2016)


Roque Sponholz é arquiteto, urbanista, professor universitário, 
chargista, caricaturista e cartunista 



CHÁ DAS CINCO: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (AMAR)



AMAR

Que pode uma criatura senão,
Entre criaturas, amar?
Amar e esquecer, amar e malamar,
Amar, desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
Sozinho, em rotação universal, senão
Rodar também, e amar?
Amar o que o mar traz à praia,
O que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
É sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
O que é entrega ou adoração expectante,
E amar o inóspito, o áspero,
Um vaso sem flor, um chão de ferro,
E o peito inerte, e a rua vista em sonho,
E uma ave de rapina.
Este o nosso destino: Amor sem conta,
Distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
Doação ilimitada a uma completa ingratidão,
E na concha vazia do amor à procura medrosa,
Paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor,
E na secura nossa, amar a água implícita,
E o beijo tácito, e a sede infinita.

(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)


NA INTERPRETAÇÃO DE PAULO JOSÉ:



VEJAM TAMBÉM "JOSÉ", NA VOZ DE PAULO DINIZ, 
QUE COLOCOU MÚSICA NO POEMA

VIDRÁGUAS: CARMEN SÍLVIA PRESOTTO




Quando...
teu amor
por mim passa
tudo, tudo
descompassa
até mesmo
o nada...
lança-me
a sua nua
espada!

***


PARATEMPOS

Não se pode
deter os instantes, crio
ao viver paratempos
Deixo aos musgos
muros; aos dias,
nuvens dispersas
e falantes…
Escoro o ser
deixo estar
meu corpo…
Dou guarida
ao pensamento.

***

Carmen Silvia Presotto 
é Coordenadora Editorial na 
empresa Vidráguas.
É também autora dos seguintes livros:

Postigos: Poesia. Editora Vidráguas, 2010.
Encaixes: Poesia. Editora Vidráguas, 2006.             
Dobras do Tempo: Poesia. Editora Alcance, 2003.

CHARGES: DIRETO DA "BESTA"

JORNAL DA BESTA FUBANA


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IZÂNIO – DIÁRIO DO PODER





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LILA – JORNAL DA PARAIBA






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                                                                 J. BOSCO – O LIBERAL







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                                                          MYRRIA – A CRÍTICA (AM)






amarildo_-_31-03-2016
AMARILDO – A GAZETA (ES)





miguel_-_31_-_03_-_2016
MIGUEL – JORNAL DO COMMERCIO (PE)





31-11
ALPINO – BLOG DO ALPINO





amarildo_-_30-03-2016
AMARILDO – A GAZETA (ES)




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PATER – A TRIBUNA (ES)




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NICOLIELO – JORNAL DE BAURU



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                                                         CAZO – COMÉRCIO DO JAHU (SP)




AUTO_nicolielo
NICOLIELO – JORNAL DE BAURU

O CANTO DE VÓLIA





ABRAÇA-ME

Vejo-me de ti tão distante...
E é a tua ausência responsável
Por essa sombra que trago no olhar.
Por que não te esqueço? Não sei explicar...

Busco-te o tempo inteiro,
Nas faces anônimas
Da multidão que passa,
E essa saudade deixa-me sem graça.

Pudesse eu te esquecer!
E apagar de mim os teus olhos,
Assim como a chuva apaga os rastros na areia!

Porém, se um dia eu te reencontrar,
E os teus olhos me acenarem uma nova ilusão.
A minha boca se abrirá em um sorriso
E te direi: Abraça-me, guarda-me de novo em teu coração.


13/02/2016


Vólia Loureiro do Amaral Lima é paraibana,
 engenheira civil, poetisa, romancista e artista plástica. 
Autora das obras Aos Que Ainda Sonham (Poesia) 
e Onde As Paralelas Se Encontram (Romance). 

quarta-feira, 30 de março de 2016

CHARGES: SPONHOLZ















Roque Sponholz é arquiteto, urbanista, professor universitário, 
chargista, caricaturista e cartunista 




CHÁ DAS CINCO: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (JOSÉ)

DRUMMOND, POR RICE ARAUJO


JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais!
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?

(Carlos Drummond de Andrade)



MÚSICA DE PAULO DINIZ



CHARGES: DIRETO DA "BESTA'

JORNAL DA BESTA FUBANA

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SINFRÔNIO – DIÁRIO DO NORDESTE (CE)



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ALPINO – BLOG DO ALPINO



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SPONHOLZ – JBF




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                                                         ATORRES – DIÁRIO DO PARÁ




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                                                     SINOVALDO – JORNAL NH (RS)




benett
BENETT – GAZETA DO POVO (PR)




clayton
                                                             CLAYTON – O POVO (CE)




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ELVIS – AMAZONAS EM TEMPO




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FERNANDES – DIÁRIO DO ABC (SP)



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J. BOSCO – O LIBERAL

QUASE HISTÓRIAS



UM RAPAZ CAUTELOSO

Renato Júnior pode ser acusado de muitas coisas, menos de degenerar. Pelo contrário. Jamais mediu esforços para superar os vícios do pai, o oportunismo da mãe e a falta de caráter do avô materno, seu ídolo. Não por acaso, ele é o orgulho da família. Desde que passou a integrar a assessoria do deputado – mais um favor que deve ao referido avô –, o rebento se empenha em fazer bem-feito o trabalho sujo que lhe cabe: carregar malas de dinheiro, saber tudo sobre as amantes e as falcatruas do chefe. E tira proveito disso. Planeja sair candidato a vereador. Mas já prometeu a si mesmo que não delegará a assessor nenhum certas tarefas, como as que ele cumpre com dedicação plena. Afinal, não se conhece bem a família de ninguém. Vai que o sujeito é como ele, do tipo que não degenera nunca. (OS - março 2016)


POLÍTICA/OPINIÃO: JOSIAS DE SOUZA

30/03/2016

GOVERNO DILMA VIRA 
DISNEYLANDIA DE FISIOLÓGICOS



(Por Josias de Souza) Acossada pelo risco de impeachment e abandonada pelo PMDB, Dilma Rousseff vive um desses momentos em que a vida exige de um governante a tomada de decisões definitivas. São escolhas irreversíveis, que definem o que o resto do governo dela será, dure o quanto durar.

Aconselhada por Lula, Dilma examinou as alternativas. E decidiu: eu quero que o meu governo seja mais PP e mais PR. Mandou às favas o fato de o PP ser o partido mais enrolado no petrolão. Deu de ombros para a evidência de que o PR é um cartório a serviço do mensaleiro Valdemar Costa Neto.

Se isso não for suficiente para deter o impeachment, Dilma deseja passar à história como a presidente que rateou cargos e vendeu a alma para partidecos como Pros, PHS, PEN, PTdo B e PTN, transformando sua gestão numa espécie de Disneylandia do fisiologismo.

Dilma ainda dispõe da alternativa de desafiar Lula e dar um novo rumo à sua biografia. Isso poderia representar um suicídio político, apressando o impeachment. Mas uma morte com glória também pode ser o começo de uma redenção.

Por mal dos pecados, Dilma prefere ser Dilma. Já havia terceirizado a presidência a Lula. Agora, deixa de ter aliados. Eles é que a possuem. Não é certo que consiga barrar o impeachment. Mas ninguém mais tem dúvidas sobre quem Dilma decidiu ser.


DALINHA

O CIRCO BRASILEIRO



Entre comédia e tragédia

Seguimos com nosso drama

O circo já está armado

Cada ator com sua trama

O povo eterno palhaço

No meio deste embaraço

Assiste a corja que mama.

***

É falcatrua é roubo

Nas cenas do picadeiro.

E o leão desta arena

Engole nosso dinheiro

Só sendo malabarista

Atuando como artista

Neste circo brasileiro.


Versos de Dalinha Catunda

27 de março é celebrado o Dia Nacional do Circo -
do circo de verdade, 
e não o do circo que estamos vivendo.


 

Dalinha Catunda é poetisa,
cordelista e declamadora

COISAS DA VIDA


UM PERU INESQUECÍVEL

(Por Violante Pimentel) Antigamente, era uma tradição, que fazia parte da cultura popular nordestina, o “roubo” de galinhas, na sexta-feira da paixão. Em Nova-Cruz, as galinhas surrupiadas eram torradas, e serviam de “parede”, ou “tira-gosto”, aos cachaceiros daquela pequena cidade.

Essa “brincadeira” grosseira, detestada pelas donas de casa, era praticada por turmas de amigos, "filhinhos do papai", que faziam isso por mera diversão, ou traquinagem. Se fosse dada queixa à Polícia, não adiantava nada, pois servia de galhofa.  

"Marta Rocha", "Adalgisa Colombo", e mais uma dúzia de galinhas de estimação, todas atendendo pelos respectivos nomes, eram criadas no quintal de dona Lia, minha mãe, e tratadas na base do pirão de leite com farinha de mandioca, além do milho e outros alimentos, próprios para esse tipo de ave. Quando chegava a Semana Santa, aumentava o estresse do pessoal da casa, que tinha experiência com os costumeiros raptos de galinhas, praticados na Sexta-Feira da Paixão.

MONLULU, o peru de estimação de Iracema, uma afilhada de dona Lia, que desde menina morava na sua companhia, foi surrupiado do nosso galinheiro em Nova-Cruz, exatamente numa Sexta-Feira da Paixão. Monlulu foi levado num "kit", juntamente com três galinhas gordas e cevadas, criadas soltas no terreiro.

Ao amanhecer o sábado de Aleluia, de 1995, Iracema fez o costumeiro pirão de leite, com farinha de mandioca, e foi alimentar as aves, com o que ela chamava de "café da manhã". Ao notar a ausência de Monlulu, o peru que lhe foi dado pela mãe, dona Ana, ainda novinho, a moça desabou num choro compulsivo e chegou a passar mal.

Violante Pimentel é procuradora 
aposentada do Rio Grande do Norte

Dona Lia, a dona da casa, indignada, rogou até praga ao malfeitor desalmado que praticara tamanha maldade. Monlulu, para a devotada Iracema, era como se fosse um filho. Por isso, a moça ficou em estado de choque. Inconsolável, não podia aceitar que o dócil peru tivesse ido parar na panela de algum desalmado, e que tivesse servido de tira-gosto para os cachaceiros da vizinhança.

Essa irreparável perda fez com que Iracema permanecesse triste durante muito tempo. Todas as pessoas da casa sentiram a partida de MONLULU.  Louco por Iracema, o peru sentia ciúme dela com as outras aves e não admitia que as mesmas também fossem tratadas com carinho e atenção. Quando isso acontecia, partia para o ataque e agredia quem estivesse por perto.  Muito compenetrado, desde pequeno atendia pelo nome carinhoso de Monlulu, escolhido por Iracema, e mostrava-se feliz com a sua presença.

Na realidade, Monlulu, foi um peru inesquecível!!!