sábado, 28 de fevereiro de 2015

IMAGENS: CLÓVIS CAMPÊLO

TERESA, A POETISA CORAL



 

Teresa é poetisa e artesã, além de ser torcedora doente do Santa Cruz. Para nós, na hora declamou diversos poemas dedicados ao clube do seu coração. Encontrei-a na Cia do Chope, em Boa Viagem, durante o carnaval, vendendo suas produções. Figura simples e dócil, mas bastante interessante. Anda com um recorte plastificado de jornal, onde consta uma matéria publicada no Diario de Pernambuco sobre ela. Deixo aqui a minha homenagem para essa mulher do povo, torcedora exemplar da Cobra Coral (Clóvis Campêlo).

Recife, fevereiro 2015
Fotografias de Cida Machado



NÚBIA NONATO

DIGNIDADE

deysemelo.com


Diana arrasta um corpo pesado
de um passado de servidão.
Profissão de engasgar gato
vista com maus olhos, sem
justa causa ou perdão.

Na varanda colonial do seu
teto conquistado com muito
labor, Diana ainda abaixa os
olhos com vergonha, com pudor.

Ninguém lhe dá bom dia,
ninguém sequer lhe dá razão.
Diana quer apenas o sono
dos justos enquanto o pão
que alimenta a família
resgata sobre a mesa

a sua dignidade.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

CHARGES: DIRETO DA "BESTA"


sinovaldo
SINOVALDO – JORNAL NH


luscar
LUSCAR – CHARGE ONLINE


ATRÁS DO JORNAL DA BESTA FUBANA 
SÓ NÂO VAI QUEM JÁ MORREU



OPI-002.eps
AMARILDO – A GAZETA


AUTO_myrria
MYRRIA – A CRÍTICA


alpino

ALPINO – CHARGE ONLINE




RAPIDÍSSIMAS (LXVII)

Sabiá-laranjeira www.apoena.org.br

SABIÁ
- Não precisa retribuir, eu te amo de graça.

AMANHÃ, TALVEZ
Não ando triste nem contente. Só não estou a fim.

FALSA PAZ
De que adianta a mansidão do riacho fundo, o cantar dos pássaros, as árvores no quintal, se o coração é o desassossego em pessoa?

RECOLHIMENTO
Passada sua quarentena de silêncio, mande notícias, qualquer notícia.


www.rogeriopa.com

REMÉDIOS. REMÉDIOS?
Quem lê bula não os toma.

LÁSTIMA
Era apenas uma criança de coração, mas o tomavam por tolo.

GRACIAS
Por generoso, Deus o livrou de bocados piores.





BRUNO NEGROMONTE

A ESMERADA PERSONIFICAÇÃO DO SAMBA
Em um elaborado trabalho de resgate e valorização da obra de Noel, Luiz Henrique apresenta-nos pérolas do repertório de um dos grande ícones da música brasileira
Imbuído de sensibilidade e talento o cantor e compositor Luiz Henrique vem fazendo um esmerado trabalho não apenas de resgate mas também de valorização e perpetuação da obra de alguns dos grandes nomes da música brasileira na primeira metade do século XX. Primeiro idealizou, produziu e abordou o cancioneiro do José Barbosa da Silva, o Sinhô, em um tributo pelos 80 anos de ausência do artista o que resultou no espetáculo "Tributo ao Rei do Samba Sinhô" e no álbum "Um sinhô compositor - Sinhô eu canto assim". Morto em agosto de 1930, Sinhô iniciou a sua vida como compositor por volta de 1911, no entanto foi na década de 1920 que se destacaria como um dos mais relevantes compositores do cancioneiro popular com canções registradas pelas vozes de maior destaque da época como Mário Reis, intérprete de dois dos maiores clássicos da lavra do artista ("Gosto que me enrosco" e "Jura"). Não foi à toa que Luiz Henrique escolheu o repertório justamente de tal decênio para prestar esta homenagem a este que ainda nos dias atuais é considerado como um dos sambistas de maior destaque da música brasileira de todos os tempos. Agora, Luiz Henrique apresenta "Pro samba que Noel me convidou", mais um relevante projeto a favor da memória da canção popular. Neste trabalho o lado cantor e compositor do artista carioca divide espaço com rebuscado pesquisador, que retoma o seu objetivo de resgatar grandes nomes do cancioneiro popular. O escolhido da vez é o centenário sambista Noel Rosa. Neste novo álbum Henrique apresenta um trabalho histórico por si só não apenas pela qualidade, mas principalmente pelo minuciosa e dedicada pesquisa de resgate de nomes que corroboraram de um modo ou de outro para elevar o nome do poeta da Vila Isabel ao panteão da música popular brasileira.
Tal qual aurífice, Luiz Henrique em sua refinada busca trouxe para este projeto pérolas pouco conhecidas da lavra de alguns dos maiores sambistas que permearam a história de nossa música, destacando em particular os anos de 1930 para compor as doze faixas presentes no disco. Pode-se dizer que o registro da canção "Perdi o meu pandeiro", da lavra de Cândido das Neves (o Índio) composta na década de 1930 e registrada em disco pela primeira vez agora, oito décadas depois de composta é um dos pontos altos do projeto. No entanto merece destaque também registros como a canção "Esquecer e perdoar", uma parceria de Noel com o Deocleciano da Silva Paranhos, o Canuto, antes registrada uma única vez em outubro de 1931. Sinhô faz-se presente como uma das grandes referências de Noel e autor de "A favela vai abaixo", samba registrado pela primeira vez por Francisco Alves em 1928. Já em dupla, Noel surge ora com Henrique Brito, seu parceiro e colega no Bando de Tangarás, ora com o partideiro e fundador da Escola de samba Azul e Branco, do morro do Salgueiro Antenor Gargalhada. Com Brito assina "Queimei o teu retrato", canção gravada pela primeira vez mais de duas décadas após composta e que neste novo registro Luiz Henrique conta com a luxuosa presença da cantora e compositora Marion Duarte. Sem data de composição conhecida o samba "Eu agora fiquei mal", foi a única parceria musical existente entre Antenor e Noel.
Dentre as canções que não são de autoria deNoel destaque para uma do cantor e compositor macaense Luiz Barbosa (que assim como o poeta da vila morreu antes de completar 30 anos de idade e vítima da tuberculose). Sendo um dos intérpretes pioneiros do samba sincopado,Barbosa ganhou projeção na década de 1930 cantando composições de alguns dos maiores compositores da música brasileira de então. No entanto o que poucos sabem é que o notório intérprete também compunha, e é uma dessas composições bissextas que Luiz Henriquegarimpou para este álbum. "O que sinto por você", gravada pelo próprio autor em 1933 nesta nova versão ganha a luxuosa participação do cantor mineiro Paulo Marquez, um dos grandes nomes do universo do samba brasileiro. Há também o pianista e compositor Nilton Bastos com a canção "O destino é Deus quem dá", uma canção datada de 1929. Com um eloquente arranjo, a faixa se destaca pela presença do piano acústico executado por Fernando Merlino. O passeio pela obra dos grandes compositores dos anos de 1930 continua com a interpretação das faixas "Golpe errado" (Francisco Matoso) e "Você chorou" (Brancura). Como principal autor de sambas da década e grande inspiração para o projeto, Noel Rosa assina de modo individual três faixas interpretadas por Luiz Henrique. São elas "Último desejo" (inspirada canção dedicada a Ceci, o grande amor da vida do sambista); "O maior castigo que eu te dou" (gravada pela primeira vez pela Aracy de Almeida há oito décadas) e encerrando com chave de ouro Luiz interpreta o medley batizado de "Pro samba que Noel me convidou", composto pelas canções "Com que roupa?" (1930), "Palpite infeliz" (1935) e "Até amanhã" (1933).
Com produção e direção de Fernando Brandão (que também executa cavaco e violão de 6 cordas), seleção de repertório do próprio Luiz Henrique e projeto gráfico de Alex Mendes, a tecitura do refinado álbum destaca talentosos músicos como os veteranos Jessé Sadoc (trompete com surdina) e Dirceu Leite (flauta), além de nomes como Whatson Cardozo (sax tenor e clarone), Chico Vhagas(acordeon), Fernando Merlino (piano acústico), Carlinhos 7 cordas (violão de 7 cordas), Júnior Castanheira (baixo elétrico), Felipe Tauiu e Thiago da Serrinha (percussões), Fabiano Segalote(trombone tenor), Márcio Hulk (bandolim) e Camilo Mariano (bateria). Além dos vocais de Cacala Carvalho, Lê Santana, Bruno Cunha e Karla da Silva.
Perpassar pela obra de um artista do quilate de Noel requer atenção redobrada, uma vez que de tão abordada, suas composições podem acabar soando lugar-comum a cada nova interpretação ou registro. Convicto deste risco o cantor, pesquisador e compositor Luiz Henrique buscou aprofundar-se não apenas nas cercas de 259 canções deixadas pelo poeta da Vila, mas procurou abranger em "Pro samba que Noel me convidou" todo o contexto musical da época escolhida para a abordagem (a década de 1930) a partir de outros compositores contemporâneos. Abordando temas de domínio público e um repertório nem um pouco clichê, o autor da canção "Grandes mitos" (gravada por Emilinha Borba e Cauby Peixoto) dá início a comemoração dos seus quinze anos de carreira em grande estilo e bom gosto, mostrando com talento e sinceridade musical uma alternativa para solucionar o inexplicável limbo que fantasmagoricamente assola grandes nomes da cultura brasileira de modo geral.
Agora para os amigos leitores ficam aqui duas canções: a primeira trata-se de um medley com as canções "Com que roupa" (adaptação), "Palpite infeliz" e "Até amanhã":
A segunda trata-se da canção "O que sinto por você", que trouxe aos estúdios novamente o cantor Paulo Marquez:

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

CHAMEM O VITOR, CACETE!

www.dn.pt

Podar uma árvore em São Paulo é tarefa para valentes, dotados de paciência de Jó, o bíblico. Desde sempre, a Prefeitura e a canalha que ela sustenta, com dinheiro de nossos impostos, leva meses, anos, para fazer o que precisa ser feito: podar árvores. Depois que a queda das ditas cujas mata cidadãos, não adianta pedido de desculpas. Vidas se foram.

Passei por isso. Morava em casa, com árvore arruinada na frente. Verdadeiro treme-treme. Verdadeiro inferno: cai não cai? A prefeitura levou uns dois anos para atender nosso pedido de poda. Um dia os homens chegaram com a “fome” de anteontem. Eram muitos. Queriam uma propina para fazer uma bosta de serviço – a poda. Claro, com “supervisão” de engenheiros ambientais, acho que esse é título desses caras.

Se Vitor, nosso jardineiro de anos, pudesse, teria feito o serviço bem feito, há muito. E evitado desgraças que a canalha pública, por corrupta, promove aqui e acolá.

Por Deus, nossa velha árvore não caiu, não matou ninguém.   



TIRO NO PÉ

CERTAS BOLSAS RENDEM: ABRIGAM O INDEVIDO
www.gasdoca.com

Políticos em geral – as exceções que entrem para um convento franciscano, e não encham meu saco – adoram putas. Verdade seja dita: políticos não estão sozinhos nessa parada. Quando o cara enriquece fácil, a primeira coisa que ele faz é arrumar uma marafona. Às vezes, se enriquece muito, banca uma quengada. Jamais contabilizam os chifres, reais e virtuais. O caixa dois fala mais alto.

O “doutor” Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente daquela pocilga chamada Câmara Federal – que teve o mérito de humilhar o PT na eleição para a presidência da Casa e em outras votações, mas que nem por isso é coisa que preste – aumentou verbas disso e daquilo em favor dos pares e resolveu dar a eles um cavalo de Tróia. Patroas e patrões dos 513 deputados passam, a partir de abril, a ter direito à passagem área gratuita de seu Estado a Brasília. E vice-versa.

Claro, claro: parlamentares fingem-se de contentes, "precisam" do aconchego do lar. Mas onde irão abrigar suas putas? Logo, logo, darão um jeito nisso. E vão enfiar nosso dinheiro (mais um!) no bolso.


Vivam as quengas. 

RAPIDÍSSIMAS (LXVI)

www.iguatu.org



ESTIAGEM
Tempos difíceis. Torneiras secas, apagões, nenhuma ideia que preste, falta de tesão para ir atrás das coisas. Passa?

SOLIDÃO
Sua companhia, não raro, me conforta.

ELA SE FOI
E agora, Zé: vai botar a culpa em quem?

CAIU?
Tenta de novo. Até porque não há outro jeito.

NÃO SE APOQUENTE
Se eu fosse você, também não me suportaria.

POLÍTICA
Previsibilidade é uma coisa; mesmice torra o saco.





CHARGES: DIRETO DA "BESTA"


nani2
NANI - CHARGE ON LINE



ATRÁS DO JORNAL DA BESTA FUBANA 
SÓ NÂO VAI QUEM JÁ MORREU

AUTO_alecrim
ALECRIM - CHARGE ON LINE


luscar
LUSCAR - CHARGE ON LINE


thiagolucas
THIAGO LUCAS - FOLHA DE PERNAMBUCO





IMAGENS: CLÓVIS CAMPÊLO

ASCENSO FERREIRA E O RECIFE

Fotografias de Clóvis Campêlo

Recife, 2013



FAZENDEIRO


─ Ô Maria! Maria!
Compadre Cazuza vem almoçar
amanhã aqui em casa…
Que é que tu preparaste pra ele?!

─ Eu matei uma galinha,
matei um pato,
matei um peru,
mandei matar um cevado…

─ Oxente, mulher!
Tu estás pensando que compadre
Cazuza é pinto?!
Manda matar um boi!!!

***

FILOSOFIA

Hora de comer — comer!
Hora de dormir — dormir!
Hora de vadiar — vadiar!
Hora de trabalhar?
— Pernas pro ar que ninguém é de ferro!




Poeta pernambucano, Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira nasceu na cidade de Palmares no ano de 1895. Dizem que começou a atividade literária enganado, compondo sonetos, baladas e madrigais. Depois da "Semana de Arte Moderna" e sob a influência de Guilherme de Almeida, Manuel Bandeira e de Mário de Andrade, tomou rumos novos e achou um caminho que o conduziria a uma situação de relevo nas letras pernambucanas e nacionais. Voltou-se para os temas regionais de sua terra que foram reunidos em seus livros "Catimbó" (1927), "Cana caiana" (1939), "Poemas 1922-1951" (1951), "Poemas 1922-1953" (1953), "Catimbó e outros poemas" (1963), "Poemas" (1981) e "Eu voltarei ao sol da primavera" (1985).

Foram publicados postumamente, em 1986, "O Maracatu", "Presépios e Pastoris" e "O Bumba-Meu-Boi: Ensaios Folclóricos", em livro organizado por Roberto Benjamin. Distingue-se não pela quantidade, mas pela qualidade, atingindo não raro efeitos novos, originais, imprevistos, em matéria de humorismo e sátira. O poeta faleceu na cidade do Recife (PE), em 1965.

(FONTE: RELEITURAS)


NÚBIA NONATO

PROGRAMA DE ÍNDIO

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Vamos ao Shopping? Eba! Gritaram os sobrinhos, sabem como é, o lanche é inevitável.

Suspirei fundo e lá fui. De início foi tranquilo até o bando cismar de entrar numa loja especializada em tranqueiras para o lar. Não sei pra quê! Tudo caro, mas a minha irmã queria porque queria.

Tudo muito bonitinho, formoso e oneroso.

De repente escutamos um baque e uma peça de vidro foi ao chão, minha sobrinha me pareceu ser a meliante pois estava mais próxima do local do evento.

Foi uma debandada geral, todos fugiram do flagrante!

Quando alcançamos a saída, minha sobrinha de bico formado declarava a plenos pulmões a sua inocência.

Porém, faltava alguma coisa... Não atinamos até nos dar conta de que uma das comparsas alheia ao sinistro, se perdera dentro da loja.

Com o grupo reorganizado passamos em frente a uma loja e eu percebi claramente que a vendedora me olhava com uma certa malícia.

A menina não se deu por vencida e só faltou me arrastar para a loja!

A referida loja era para tamanhos especiais, pomposamente chamada de plus size.

Fiquei indignada com o assédio da menina.

- Cacete! Gorda não pode passear sossegada!

Minhas sobrinhas choravam de rir da minha cara, inclusive a bicuda.

Lógico que toda essa revolta foi forjada na sacanagem, na gozação.

Sair com o meu povo é diversão na certa, pagamos micos juntas, pra no final, chorarmos de tanto rir.


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

COISAS DA VIDA

A CAÇADA

Violante Pimentel é procuradora aposentada
 do Estado do Rio Grande do Norte


(Por Violante Pimentel) Seu José Araújo, gerente do Consórcio Algodoeiro de Nova-Cruz (RN), era muito franco, não gostava de mentiras  e  era muito espirituoso. Era um homem forte, alto, alvo e corado, e tinha os olhos azuis. Gostava de brincar com as pessoas, apesar de sua aparência carrancuda. Tinha a cara fechada e falava tão sério, que suas brincadeiras tinham a conotação de verdades.

Numa manhã, logo cedo, ele estava na porta do escritório da usina, quando viu passar um pequeno grupo de homens humildes, cada qual levando uma mochila no ombro e uma espingarda debaixo do braço. Ele entendeu que aqueles homens estavam indo caçar, mas só por danação perguntou:

- Para onde vocês estão indo, com essas espingardas e essas mochilas? 

Um dos homens respondeu:

- Nós vamos caçar, Seu Zé!

- Caçar o quê?  - perguntou Seu José Araújo.

O homem respondeu:

- Nós vamos caçar “arribaçã” (aves de arribação), rolinha e preá...

Usando a franqueza rude, que lhe era peculiar, Seu José Araújo respondeu:

- Como é que vocês não têm vergonha de uma coisa dessa? Vocês vão caçar uns bichinhos inocentes, que não fazem mal a ninguém!!!

E continuou:

- Por que vocês não vão caçar esse prefeito safado de Nova-Cruz, o  vice-prefeito e os vereadores, esse bando de ladrões?!!!

Os matutos se entreolharam e o menos encabulado respondeu:

- Mas “nós caça pra comer", Seu Zé!!!


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

NÚBIA NONATO

www.cabeceiraspiaui.com.br

ORELHA DE PAU

A chuvinha deu uma trégua, as plantas aproveitaram para dar uma espreguiçada.

Uahhhhh...eu poderia jurar que ouvi.

Calcei as galochas e resolvi me esticar também.
O chão forrado de amêndoas me fez cair de joelhos e em frente a um troco meio apodrecido, observei uma casinha diferente, colorida, toda desenhadinha de sulcos e bordas rendadas.

Não toquei logo de início por conta de uma peluda taturana que por ali passava.

Minha avó dizia que era casa de duende, que eles ali se abrigavam por causa das chuvas.

Tentei tocar de novo mas a taturana voltou. Fiquei desconfiada, será que ela era guardiã dos duendes?

Pedi-lhe desculpas e permissão para apenas apreciar.
A taturana se foi novamente.
Admirada e assustada me dei conta da minha reles existência e da grandiosidade da natureza e suas criaturas que seguem passo a
passo um manual que a minha cômoda ignorância insiste em ocultar.







segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

RAPIDÍSSIMAS (LXV)

CHAPLIN, EM O GRANDE DITADOR


HÁ QUEM GOSTE
Por trás de um ditador, há sempre uma legião de imbecis a idolatrá-lo.

LAVOURA ARCAICA
A idiotia (individual ou coletiva) não é obra do acaso.

CÁ ENTRE NÓS
Desde quando um déspota pode ser esclarecido?

ZERO A ZERO
Não devo nada a ninguém, ninguém me deve nada. Como seria fácil se a vida fosse uma operação contábil. Não é.

GENEROSIDADE
É fazer pelos os outros o que os outros jamais farão por você.

AÇÃO E REAÇÃO
Odeio pernilongos. Mas eles não precisavam me jurar de morte.

QUESTÃO DE COERÊNCIA
Se não tem alegria para desfilar na avenida, por que levar o amuo para fazer feio na Apoteose?

O TRATO
Ficamos assim: tarde e noite de domingo são “sagradas”, ok? Então, você não me visita, e eu não vou à sua casa. Sem aviso prévio.

www.tribunadabahia.com.br
NEM COM GRANA VIVA
A coisa andava tão feia pro seu lado que a cigana se recusou a ler o seu destino.

CUIDADO, TOTÓ
O cão continua sendo o melhor amigo do homem. A recíproca nem sempre é verdadeira.

JOGANDO A TOALHA
Os muito chatos são, de fato, invencíveis.

AS ÁGUAS VÃO ROLAR
Uma das vantagens de ser feio é não ter que usar máscara no carnaval.


sábado, 21 de fevereiro de 2015

ESPORTE RADICAL

saboresdeciccio.blogspot.com

E a jovem doutora, médica renomada, com vários cursos de especialização nisso e naquilo, foi direto ao ponto:

-- O senhor bebe, fuma, come torresmos e carne vermelha todos os dias, há décadas. Pratica, ao menos, algum esporte?

-- Pratico, sim – respondeu com firmeza o Velho Marinheiro.

-- Qual esporte?

-- Só um. Bem radical.

-- Qual?

-- Sexo.

-- Sexo? Desde quando sexo é esporte radical? – inquiriu a doutora de muitos títulos.

-- Aposto que a doutora tem idade para ser minha neta. Na sua idade, tudo é fácil.




CLÓVIS CAMPÊLO

ENTRE A NEURASTENIA E O ESTRESSE


É interessante como no dinamismo de uma língua algumas palavras deixam de ser utilizadas e são substituídas por outras. A palavra neurastenia é uma delas.

O Minidicionário Escolar da Língua Portuguesa, da Companhia Melhoramentos, assim a define: “1. Fraqueza do sistema nervoso. 2 Esgotamento nervoso”. Hoje, ninguém mais é chamado de neurastênico, ninguém mais sabe o que é neurastenia. Hoje, existe o estresse e o estressado. Segundo o mesmo dicionário, estresse é a “reação do organismo a influências nocivas de ordem física, psíquica, infecciosa, capazes de perturbar o equilíbrio interno”.

Ou seja, a primeira definição nos dá a impressão de que o problema é orgânico, interno; enquanto na segunda, a alteração ocorre por conta de fatores externos diversos que nos influenciam. Existe uma certa diferença nas definições, portanto.

Segundo a Wikipédia, Virgínia Woolf, Marcel e Proust e Max Weber seriam neurastênicos notáveis. A primeira, durante toda a sua vida foi forçada a fazer repousos terapêuticos, os quais descreve no livro “On Being III”, traduzido em “Por estar doente”, onde a escritora tenta estabelecer a doença como um assunto sério da literatura.

Marcel Proust, na verdade, era um maníaco depressivo, condição essa adquirida, talvez, em razão do consumo desenfreado de açúcar – as madalleines – que o autor descreve na sua obra “Em busca do tempo perdido”. Filho de família rica e frequentador dos salões da sociedade francesa da época, podia se dar ao luxo de ter uma alimentação excessivamente rica em carboidratos. Maravilhado, descobri a certo tempo que o petisco tão louvado pelo autor, tratava-se nada mais nada menos do que os bolinhos de bacia tão consumidos nas feiras das cidades do Nordeste do Brasil. Aliás, a ligação entre o consumo demasiado de alimentos adocicados e os surtos depressivos já são considerados pela medicina moderna, coisa desconhecida naquela época.

CLÓVIS CAMPÊLO

Max Weber, sociólogo e historiador, teria tido uma grave crise neurastênica, após a morte do pai, com o qual havia rompido pouco antes. Com certeza, Freud explicaria o fato. A verdade é que, entre 1897 e 1901, esteve internado em sanatórios, tendo ficado vários meses em Roma, onde recuperou as forças.

Já o termo estresse foi usado pela primeira vez em 1936, pelo médico Hans Selye, na revista Nature.

Na verdade, em ambos os casos, existe um sofrimento do indivíduo causado pelo enfrentamento de situações que lhe provocam ansiedade e depressão, embora essa capacidade de enfrentamento de tais situações varie de indivíduo para indivíduo.

Enfim, o mundo moderno em que vivemos, com suas exigências e seus desafios constantes serve de motivo para que estressados ou neurastênicos aprendam a com ele conviver e superar os impasses constantes que se oferecem.

Sobreviver é preciso.

Recife, fevereiro 2015



NÚBIA NONATO


DIVULGAÇÃO. www.jornalnanet.com.br
VIDA LONGA

Já perdi as contas do que escrevi, a inspiração
aflora e não perco tempo com anotações.

Já perdi as contas de quantas pessoas presenteei
com textos ou poesias embora possa contar nos
dedos quantos agradeceram.

Contudo, a poesia depois que se liberta do cárcere
da memória, ganha asas e o seu destino escorre
por entre os dedos.

Continuarei agindo da única forma que me cabe.
Poesia não combina com egoísmo, é livre, é solta.
Não temo a indiferença, temo a ausência de sede.